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Plumas ajenas: Fernando Pessoa

Plaza de Figueira, Lisboa

A praça da Figueira de manhã,
Quando o dia é de sol (como acontece
Sempre em Lisboa), nunca em mim esquece,
Embora seja uma memória vã.

Há tanta coisa mais interessante
Que aquele lugar lógico e plebeu,
Mas amo aquilo, mesmo aqui... Sei eu
Por que o amo? Não importa. Adiante...

Isto de sensações só vale a pena
Se a gente se não põe a olhar para elas.
Nenhuma delas em mim serena...

De resto, nada em mim é certo e está
De acordo comigo próprio. As horas belas
São as dos outros ou as que não há.

La plaza Da Figueira de mañana,
Cuando el día es soleado (como ocurre
Siempre en Lisboa), nunca en mí olvida,
Pese a que sea una memoria vana.

Hay tanta cosa más interesante
Que aquél lugar lógico y plebeyo,
Pero amo aquello, incluso aqui... ¿Sé yo
Por qué lo amo? No importa. Adelante...

Esto de sensaciones sólo vale la pena
Si la gente no se pone a mirar a ellas.
Ninguna de ellas en mí serena...

Del resto, nada en mí es acertado y está
De acuerdo conmigo mismo. Las horas bellas
Son las de los otros o las que no existen.

Álvaro de Campos (Fernando Pessoa)

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